Moramos num planeta dominado por seres vivos. E os seres vivos dependem de água para sua existência. Platitudes como essas escondem uma verdade latente, que é sabermos que a água que existe em nosso planeta aqui está desde surgimento da Terra. A água que os primeiros seres vivos nadaram, de onde os primeiros anfíbios sairam para caminhar, que os dinossauros beberam e que hoje usamos é a mesma água. Sempre a mesma água.
A ideia de água nova é usada corriqueiramente para acessarmos fontes de água de melhor qualidade, que não eram antes acessadas pela comunidade tomada como referência. Em concentrações urbanas trazemos água nova de distâncias muito grandes, onde a nossa presença não causou danos à sua qualidade. Ou ainda a trazemos de maiores profundidades, quando se trata de reservatórios subterrâneos, os aquíferos. Sempre à procura de água boa, ou seja, água de melhor qualidade que necessite de pouco tratamento. Água nova é, portanto, água que não teve sua qualidade degradada de alguma forma, ou que foi fracamente degradada e que permite tratamento simples e barato. Em termos simples, água nova é água de boa qualidade. O contrário seria, portanto, água de má qualidade é água velha.
A crise hídrica atual, que se estende por vários pontos do planeta, reafirma esse falso entendimento. Para atender à população do planeta, as fontes de água são amplamente utilizadas, mas não retornam para os locais de onde foram retiradas, nem em quantidade e nem em qualidade suficientes. Este desequilíbrio mostra que a forma como se usa a água hoje em dia necessita ser repensada urgentemente. Para a maioria das concentrações urbanas não existe mais fonte de água nova, ou seja, será necessário que se trabalhe intensamente a transformação da água velha, ou melhor, da água de qualidade deteriorada, para que ela volte a ser nova, ou limpa. A nossa forma de uso de água, que permite com que o excedente seja lançado em rios ou outros corpos d´água superficiais, faz com que parte dela deixe de ficar disponível, indo parar nos mares e oceanos, tornando-se salinizadas. Os grandes reservatórios naturais do planeta, os aquíferos, estão continuamente perdendo água nova, que se torna velha por degradação de sua qualidade original. Precisamos manter os nossos reservatórios naturais reabastecidos com água de qualidade compatível com a que deles é retirada. É a saída sustentável.
Sem pensarmos em água sustentável, onde a água que é usada deve ter sua qualidade recuperada e armazenada novamente em nos aquíferos, não mais teremos água nova. Nem aqui e nem em Marte, onde a água está saturada por sais, ou seja, água velha também lá.
Fonte:
Por Everton de Oliveira - Blog Era da Água
Por Everton de Oliveira - Blog Era da Água
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