Sal = salário


O principal componente do sal de cozinha é o cloreto de sódio, um composto químico formado há milhões de anos. O sal pode ser encontrado nos mares ou em locais que um dia foram cobertos por suas águas. É um produto tão importante para a humanidade que o seu consumo serve de parâmetro para aferição do grau de desenvolvimento de um país, uma vez que é largamente empregado na alimentação humana e animal e em todo tipo de indústria: tecidos, metais, plásticos, borracha, produtos químicos etc.

Nos tempos antigos, guerras sangrentas foram travadas pela sua posse. Os romanos pagavam seus soldados com um saquinho de sal, daí o termo “salário”, utilizado até hoje.

O sal pode ser extraído diretamente de minas (sal-gema), como ocorre nos Estados Unidos e na Europa, ou por meio da evaporação da águas do mar, como acontece nos países tropicais, como o Brasil.

As salinas são constituídas por extensas bacias localizadas próximas ao litoral, em regiões onde predominam os ventos e as temperaturas elevadas. Nas salinas, a água do mar fica retida em tanques rasos, o que favorece sua evaporação.
Com a evaporação da água, inicia-se a cristalização do sal, que será colhido conforme o tipo de salina.
 Nas salinas mecanizadas, são usadas colheitadeiras que abastecem diretamente caminhões caçamba, os quais depositam o sal nas pilhas de estocagem.
 Nas salinas artesanais, o sal é colhido manualmente com auxílio de “chibancas” (enxadas) e transportado e, carros de mão até as “rumas” (pequenos montes) antes de ser colocado em caminhões.

Em algumas regiões salineiras, o estado de miséria e a falta de oferta de trabalho levam os salineiros a aceitar trabalho em quaisquer condições, mesmo que essas lhes sejam prejudiciais à saúde. Grande parte dos trabalhadores do setor não possuem amparo legal. Mesmo assim continuam trabalhando, pois a subsistência da família depende basicamente deles. É por isso que, apesar de as empresas, em geral, não oferecerem Equipamentos de Proteção Individual (EPI), muitos trabalhadores compram óculos, chapéus e sapatos (tênis) para terem melhores condições de trabalho. Ainda assim, os acidentes são freqüentes e é grande a incidência de doenças ocupacionais.

A enciclopédia da Organização Internacional do Trabalho cita, como principais doenças ocupacionais decorrentes da colheita e industrialização do sal marinho, as enfermidades dos olhos e as lesões da pele. Os problemas dermatológicos mais freqüentes são:

* Calosidades palmares: mais conhecidas entre os salineiros como “calos nas mãos”, decorrem da utilização de instrumentos de trabalho.
* Calosidades plantares:  denominadas pelos salineiros de “maxixe”, caracterizam-se pela formação de verrugas e calos nos pés. Em alguns casos, a alteração da pele se aprofunda mais, chegando a atingir terminações nervosas, o que provoca dor ao andar.
* Bolhas: ao romperem-se, as bolhas deixam uma erosão na pele, que poderá evoluir para a ulceração.
 Os problemas oculares mais freqüentes são:
* Hipermia dos olhos (vermelhidão dos olhos);
* Catarata (perda da transparência do cristalino);
* Pterígio (espessamento membranoso do tecido ocular – conjuntiva).
A produção de sal marinho varia anualmente de acordo com as condições meteorológicas de cada região. A produtividade é pequena no Rio de Janeiro e Ceará, sendo menor ainda no Maranhão, m Sergipe e na Bahia. A produtividade alcança maiores índices no Rio Grande do Norte, na zona compreendida entre Macau e Areia Branca.

Fonte: Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, n 57, vol. 15, 1987.

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